Veículo abandonado no Guacuri mostra a dificuldade da Lei ser cumprida na cidade
Quem nunca deu uns tapas e tomou outros brincando de “Fusca azul” na infância? No Guacuri, moradores procuraram a redação do Olhar de Itupeva para relatar o que, para eles, é um “tapa”: há meses, um Volkswagen Fusca da cor azul está parado em uma praça no bairro, na rua Isac de Mesquista.
O Fusca azul apresenta sinais evidentes de deterioração: entulho acumulado no interior, ausência do vidro da porta do passageiro — substituído por um papelão — e ferrugem espalhada pela carroceria. Segundo a Lei Municipal nº 2046, de 2015, o veículo já pode ser classificado como abandonado, devido ao seu "visível estado de má conservação".
A legislação estabelece que, uma vez caracterizado o abandono, a Prefeitura deve notificar o proprietário para que remova o veículo em até cinco dias. Caso isso não ocorra, a administração pública deve recolher o carro. Quando não é possível identificar o dono, a lei prevê a fixação de uma notificação diretamente no veículo.
Se, mesmo assim, o carro não for retirado, ele deve ser removido ao pátio da Prefeitura, onde ficará disponível por até 90 dias. Para reaver o veículo, o proprietário precisa apresentar documentos comprobatórios, quitar as diárias, os custos de remoção e todos os débitos relacionados ao veículo. Passado esse prazo, o automóvel pode ser levado a leilão público.
A equipe de reportagem do Olhar de Itupeva entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura para saber se a fiscalização está sendo feita e se o proprietário do Fusca já foi autuado. Até o fechamento desta matéria, não houve qualquer resposta por parte do poder público.
Histórico da Praça
O veículo deteriorado tornou-se símbolo do abandono não apenas de um automóvel, mas de um espaço público que já foi palco de atividades culturais e esportivas no Guacuri.
O Fusca está parado em um local histórico para quem é morador do Guacuri. Antes de o então prefeito Ricardo Bocalon construir a pista de malha na rua Andorinha, era naquela praça que os moradores, em sua maioria caseiros, se reuniam para jogar malha aos finais de semana.
Entre 2015 e 2016, na praça também funcionava uma biblioteca comunitária, criada na gestão de Bocalon. Em 2017, no entanto, a biblioteca foi desativada pelo governo seguinte. No fim de 2024, o prédio foi completamente demolido pela atual administração, liderada pelo prefeito Rogério Cavalin — que, na época da criação da biblioteca, era secretário municipal de Cultura, pasta responsável por essas iniciativas.