Executivo de Itupeva recebe 3 vezes mais que Pepe Mujica
José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai, morto na última segunda-feira (13), ficou conhecido tanto por sua trajetória de vida — de revolucionário a preso político, ficando 7 anos em uma solitária sem poder ler, tendo, por vezes, que se alimentar de papel higiênico e tomar sua própria urina — quanto por ser mundialmente conhecido como o “presidente mais pobre do mundo”.
Presidente do Uruguai de 2010 a 2015, Pepe ficou conhecido por abrir mão do palácio presidencial e continuar morando em sua fazenda, na periferia de Montevidéu, por dispensar carros oficiais e ir para o trabalho com um Volkswagen Fusca azul de 1987, por não usar gravatas, evitar ternos, dar palestras de chinelo e, quando precisava usar sapatos, utilizava um par remendado com fita isolante na parte dos dedos.
O que, para muitos, poderia ser puro populismo, para ele era uma filosofia de vida — filosofia essa que evitou que Pepe fosse seduzido pelo poder. Mesmo como presidente, ele continuava com o ofício de florista e ficava com apenas US$ 1.250 de seu salário de presidente, que, convertendo para os valores atuais, equivale a R$ 7.053, doando os outros 90% do salário.
O que seria um salário de médio a bom para muitos brasileiros é considerado, na classe política, “troco de pinga”. Em Itupeva, por exemplo, atualmente o prefeito Rogério Cavalin (MDB) recebe R$ 21.799,50 — quase 3 vezes mais que Pepe.
Em âmbito estadual, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) recebe R$ 36,3 mil. Nacionalmente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe R$ 44 mil.
O “presidente mais pobre do mundo” reduziu a pobreza
Pepe elevou o gasto social de 60,9% para 75,5% dos gastos públicos e aumentou o salário mínimo em 250%. Foi durante sua presidência que o Uruguai registrou o nível mais baixo de desemprego da sua história: 6%.
A pobreza caiu de 30% para 11%. O PIB per capita atingiu US$ 17 mil, e a taxa de investimento chegou a 25% do PIB, com nível de crescimento anual médio superior a 5%.